É sabido que existem dois consoles competindo no mercado de alta definição: PlayStation 3 e Xbox 360. Todos os PS3 possuem o mesmo hardware, assim como todos os X360. Quando digo mesmo hardware, me refiro à memória, clock, barramentos, etc… Os chips de ambos os consoles mudaram com o tempo, mas apenas diminuíram de tamanho, passaram a gerar menos calor, consumir menos energia, etc… Qualquer jogo de PS3, roda em qualquer PS3 de 2006 pra cá. O mesmo vale para os Xbox 360.
Nos computadores o buraco é mais embaixo, bem mais embaixo. Existem um bilhão de configurações possíveis, marcas de placas, memórias, tipo de barramentos, velocidades de transferência, tamanhos de monitores… É um samba do crioulo doido. Não é exagero dizer que um mesmo jogo de PC pode se comportar de mil maneiras diferentes, dependendo no hardware que ele está sendo executado.
Outro ponto a se considerar é que os jogos de PCs precisam ter gráficos superiores aos de consoles, principalmente pela distância do “observador”. Eu já falei sobre isso um tempo atrás, jogar em um PC é jogar a menos de um metro do monitor, jogar em um video-game é sentar no sofá a dois metros da TV e com cara de bonachão. Tudo bem, que essa regra não serve para todos, mas a ideia básica do uso de consoles e computadores é essa. E mesmo assim, tem sempre um bobão pra soltar uma dessas:
— Modern Warfware 2 do PS3 é um lixo, no meu PC eu uso 16x de anti-aliasing…
Dizer que um jogo do PC tem mais anti-aliasing, mais texturas ou maior resolução que o mesmo jogo no console, é chover no molhado. Ele precisa ter mais isso e mais aquilo, para poder acompanhar a evolução dos hardwares e principalmente pelo fato do jogador de PC jogar com a cara no monitor em 90% dos casos. Quanto mais próximo do jogo você estiver, maiores são suas chances de notar “defeitos” visuais.
E veio o fatídico vídeo de Battlefield 3
Então… Eu nunca dei bola para essas diferenças PC vs. consoles, pelos motivos já explicados e por achar pura perda de tempo. E tudo vinha muito bem até a dona Dice soltar aquele vídeo com gameplay de Battlefield 3. Esse aqui:
Se você é um fanboy da série COD e odeia Battlefield só por odiar, problema é seu, pode espernear a vontade, porque eu não vou alimentar esse papo idiota. O que eu sei é que quando eu assisti esse vídeo pela primeira vez, pensei imediatamente:
— A next-generation chegou!
Na verdade eu soltei um palavrão que começa com cara e termina com alho, mas não vem ao caso.
O que eu vi no vídeo não foi apenas um jogo com anti-aliasing, texturas ou sombras melhores que um jogo de PS3 ou X360. Tudo no vídeo era estupidamente superior a qualquer outro jogo de PS3. TUDO! O visual impecável, a realidade dos movimentos, o som estarrecedor, o frame rate que não caía mesmo com um prédio desmoronando à sua frente (e com tiroteio comendo solto). INACREDITÁVEL!
Eu não estou afirmando algo que só passa na minha cabeça, algo movido pela emoção, NÃO! A versão de Battlefield 3 para PCs é a prova cabal de que os jogos da next-gen chegaram.
Agora releiam o parágrafo acima e o título desse texto. Perceberam que eu não estou falando dos consoles da próxima geração, mas sim dos jogos da próxima geração? Há um abismo entre essas duas afirmações. É quase como você comparar um mesmo jogo que é lançado simultaneamente para PS2 e PS3. Quando eu me refiro aos jogos da próxima geração, estou falando de novas experiências, de uma imersão mais profunda, de um patamar acima. Foram essas as sensações passadas pelo vídeo de Battlefield 3 para PC. A Frostbite 2 é uma engine next-generation, fato.
Battlefield 3 por si só já sustentaria o que foi dito até agora, mas nessas últimas semanas mais duas “bombas” pintaram na cena dos games: o mod IceHancer que transforma GTA IV em algo inimaginável, até mesmo para um GTA V, e o patch de Crysis 2 para PC que dá suporte ao Directx 11. Meus amigos, é de chorar.
Mas e o PS4?
O grande problema dessa história é que mesmo com essa fossa abissal entre PCs e consoles, causada pelos três vídeos acima, tudo indica que a próxima geração de PlayStations e Xboxes ainda vai demorar pra sair do forno. Sabem por que? “Porque a chapa tá quente”.
Um breve histórico dos processadores Intel a partir do Pentium (não listamos todas as variações). Prestem atenção nos clocks:
1993 - Pentium 66 MHz
1994 - Pentium 120 MHz
1995 - Pentium 200 MHz
1997 - Pentium II 300 MHz
1998 - Pentium II 450 MHz
1999 - Pentium III 1.1 GHz
2000 - Pentium 4 2.0 GHz
2002 - Pentium 4 3.4 GHz
2003 - Pentium 4 3.46 GHz
2004 - Pentium 4 3.8 GHz
2005 - Pentium D 3.2 GHz
2006 - Pentium D 3.73 GHz
2006 - Core 2 Extreme 2.93 GHz
2007 - Core 2 Duo 3.0 GHz
2007 - Core 2 Quad 2.67 GHz
2007 - Core 2 Extreme 2.93 GHz
2008 - Core 2 Duo 3.33 GHz
2008 - Core 2 Quad 3.0 GHz
2008 - Core 2 Extreme 3.2 GHz
2008 - Core i7 3.2 GHz
2009 - Core 2 Quad 2.83 GHz
2009 - Core i5 2.67 MHz
2009 - Core i7 3.33 GHz
2010 - Core i3 3.33 GHz
2010 - Core i5 3.6 GHz
2010 - Core i7 3.07 GHz
2011 - Core i3 3.33 GHz
2011 - Core i5 3.33 GHz
2011 - Core i7 3.4 GHz
De 93 a 99, a Intel conseguiu subir o clock máximo de seus processadores de 66 Mhz para 1.100 MHz, um aumento de mais de 1000% em seis anos de desenvolvimento! Em 2004 ela atingiu seu ápice com incríveis 3.8GHz, ou seja, um crescimento por volta de 250% em cinco anos. De lá pra cá ela nunca mais fez processadores para desktops a 3.8 GHz, seus clocks ficam, em média, oscilando entre 3 e 3.4 GHz. Mas por que esse “freio”?
Por que quando você ultrapassa a casa dos 3 GHz, começa a entrar meio que no limite físico suportável. A geração de calor é tão intensa que nem sempre você consegue um refrigeração adequada – ou vocês acham que as nefastas 3RL e YLOD são o que? Fruto de congelamento? É chapa quente!
Mas então, percebendo esse limite, os fabricantes de processadores criaram implementaram o conceito de cores, ou seja, ao invés de ter um único núcleo trabalhando a 3.8 GHz, por exemplo, você pode dividir o processamento em dois de 2.0 GHz e ter um rendimento muito melhor.
— Ah, então uma CPU com 2 cores de 2.0 Ghz é igual a uma CPU com um de 4.0Ghz?
Não. Dois cores de 2.0 GHz são iguais a… dois cores de 2.0 GHz. Da mesma forma, que se você tem um fogão gerando 280ºC de calor e coloca ao lado dele outro fogão com os mesmos 280ºC, você não passa a ter 560ºC, você continua nos mesmo 280 (estou partindo do principio que o ambiente onde os fogões estão, está absorvendo o máximo de calor gerado por eles).
É assim com os clocks, e essa foi a grande sacada! Você distribui o processamento em núcleos e consegue trabalhar em uma velocidade menor, logo o calor gerado é menor. Você não tem um núcleo super-veloz fazendo contas. Você tem n núcleos velozes, mas todos trabalhando ao mesmo tempo.
— Ok, mas e o PS4?
Então… Eu não tenho a mínima ideia do que se passa na cabeça dos grandes executivos de Sony e Microsoft, ou dos seus projetos, mas se eu tivesse que dar um prognóstico, eu diria que os novos PlayStation e Xbox vão demorar pelo menos uns dois anos para aparecerem no mercado, e aponto dois fatores que considero crucial:
Ambos os consoles ainda têm lenha pra queimar. Por mais distantes que sejam os visuais dos jogos de PC citados no início desse texto, os jogos para PS3 e X360 ainda são muito agradáveis e suprem a necessidade de qualquer jogador. GT5, God of War 3, Gears of War 3, Battlefield, Modern Warfare e tantos outros, são a prova disso. E não fiquem achando que o Xbox é fail por não ter um drive de blu-ray, pois a maioria dos donos de Xbox não estão nem aí de ficar trocando discos; eles inclusive tem a grane vantagem de poderem instalar todo o jogo no HDD.
O hardware! Se você está antenado com as tecnologia mais modernas para computadores, volte nos vídeos exibidos nesse texto e imagine uma configuração completa para jogar os três jogos no máximo. Imagine tudo: placa-mãe, memória, processador, placa de vídeo, fonte, gabinete. Potente, não? Agora imagine toda essa potência socada em um console. Quando você imaginou a configuração ideal, você se lembrou dos coolers (aquela coisinha essencial para o seu computador não derreter)? Aliás, você se lembrou do tamanho dos coolers atuais? Você sabe de alguma tecnologia (que possa ser produzida em larga escala) que permita a criação de um console com as mesmas configurações de um computador top de linha e que caiba em uma caixa mais ou menos do tamanho de um PS3?
Repito, eu não sou especialista no assunto, mas não consigo imaginar o processamento equivalente a um i7 mais uma GTX-590 dentro de algo menor do que isso:
E convenhamos, um PlayStation com esse porte não seria algo muito agradável de se acomodar em uma sala-de-estar.
Pode até ser que Sony e Microsoft divulguem seus novos consoles em breve, e mesmo que elas me façam de otário e divulguem amanhã, podem ter certeza que só irão lançá-los, no mínimo, um ano após o anúncio.